AS INFORMAÇÕES A SEGUIR SÃO EDUCATIVAS SERVINDO COMO FERRAMENTA TEÓRICA PARA O APRENDIZADO DA TÉCNICA DE INFILTRAÇÃO. PARA USO EM PACIENTES, HÁ NECESSIDADE DE TREINAMENTO MÉDICO PRÁTICO SUPERVISIONADO POR PROFISSIONAIS MAIS EXPERIENTES.
Infiltração do ponto de gatilho miofascial
A infiltração do ponto gatilho é uma das técnicas mais importantes e eficientes no tratamento da dor miofascial e da restrição da função associada a estes quadros. O sucesso do tratamento depende da execução precisa do procedimento, do uso de materiais adequados e da injeção da medicação apropriada nas concentrações mais baixas possíveis.
As injeções de pontos-gatilho causam um relaxamento temporário do cordão muscular tenso, o que, por sua vez, permite uma melhor perfusão, reposição de ATP para liberar as cadeias de actina-miosina, causando alongamento da fibra muscular, juntamente com a remoção de resíduos de metabólitos. Esses fatores ajudam a quebrar o ciclo dor-tensão.
Quanto mais prolongada a presença do ponto gatilho miofascial, mais restritas devem ser as técnicas de infiltração, para que os problemas complexos crônicos não sejam agravados.
A resposta e os cuidados relacionados ao procedimento deve considerar o perfil clínico, pessoal e social do paciente, ou seja, a realização da infiltração em uma pessoa praticante de exercícios intensos em uma academia de ginástica exige um cuidado diferente de um paciente sedentário com dor crônica nas costas.
Indicações
As indicações para injeções de ponto-gatilho incluem área sensível palpável identificável que produz um padrão de dor referida. Sintomas concomitantes comuns incluem dores de cabeça crônicas ou episódicas, dor na articulação temporomandibular, dor nas costas, diminuição da amplitude de movimento secundária a pontos-gatilho e dor na virilha.
Há indicação de infiltração de um ponto de gatilho miofascial se:
a terapia manual para liberação miofascial do ponto de gatilho ou o alongamento teve um efeito inadequado,
a terapia ou alongamento manual do ponto de gatilho não pode ser realizado adequadamente devido à dor intensa,
presença de dor aguda severa e de problemas funcionais,
existem contra-indicações e/ou a indicação à realização da terapia manual,
a dor pós-tratamento que ocasionalmente ocorre com agulhamento seco é indesejável.
Contra-indicações
As contra-indicações para injeções de ponto-gatilho incluem as seguintes:
Contra-indicações absolutas:
Recusa do paciente
Infecção ativa no local do ponto-gatilho
Deformidade craniana com abertura
Acesso não seguro do ponto gatilho
Contra-indicações relativas:
Pacientes que tomam anticoagulantes, pacientes grávidas e em pacientes onde os pontos anatômicos são indistinguíveis.
Paciente com alergias conhecidas
Fibromialgia descompensada
História da formação de quelóide
Transtorno psiquiátrico mal controlado
Paciente com ansiedade e fobia de agulhas
Número de repetições da infiltração do ponto gatilho miofascial
O número de repetição das infiltrações do ponto gatilho miofascial depende:
da seleção dos pontos gatilhos miofasciais que determinam os sintomas (5 a 10 pontos podem ser escolhidos em uma sessão),
da precisão da injeção,
da realização de alongamento concomitante dos músculos afetados pelo paciente ou pelo terapeuta.
São recomendados pelo menos 3 dias entre os tratamentos invasivos, ou melhor ainda, 7 a 8 dias, entre as sessões, e o exercício pode ser intensificado durante esse período.
Escolha das medicações injetáveis
A escolha da medicação a ser injetada depende do plano de tratamento estipulado, sendo o anestésico local a primeira escolha. Ao escolher a substância, primeiro deve ser avaliada a duração do efeito e a miotoxicidade (ou seja, o potencial de causar danos ao tecido muscular esquelético, levando à mionecrose). Uma regra prática é que quanto menor a duração do efeito e menor a concentração, menor a miotoxicidade e a infiltração celular no tecido.
Deve ser evitada a adição de adrenalina (epinefrina) devido à ocorrência de necrose muscular.
A injeção de solução alcoólica ou de soro fisiológico pode ser tão eficaz em comparação com os anestésicos locais. Para pontos de gatilho em uma inserção muscular (com componentes inflamatórios) podem ser associado o uso de corticóides, mas apenas no máximo em três repetições. Neste caso, a infiltração é realizada ao redor do tendão.
Se os métodos não invasivos (terapia manual de pontos de gatilho) e invasivos de agulhamento seco e injeção, bem como combinações deles, não levarem ao resultado desejado, a injeção de toxina botulínica do tipo A é indicada para sofrimento importante e em casos excepcionais.
Referências bibliográficas:
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Irnich D. Myofascial Trigger Points. Comprehensive diagnosis and treatment. Churchill Livingstone. 2013
Urits, I., Charipova, K., Gress, K., Schaaf, A. L., Gupta, S., Kiernan, H. C., … Viswanath, O. (2020). Treatment and Management of Myofascial Pain Syndrome. Best Practice & Research Clinical Anaesthesiology. doi:10.1016/j.bpa.2020.08.003
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